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  • Foto do escritorValmor Rabelo

Dos Beatles à Inteligência Artificial


Dick Rowe, o poderoso executivo da gravadora Decca Records, ao ouvir um novo grupo musical disse: “as bandas com guitarras em breve estarão saindo de moda". Brian Epstein, o empresário daqueles quatro rapazes de Liverpool, engoliu um sonoro Não!!!. Pouco tempo depois, o desconhecido The Beatles assinava contrato com outra gravadora. O sucesso e os milhões de dólares contam o resto do grande equívoco da Decca.

Apesar de o fato ter ocorrido há mais de 50 anos, muitos outros casos de miopia empresarial ou arrogância corporativa tem feito poderosos empresários e governantes virarem piada ao longo da historia. Assim aconteceu com a Kodak, que viu seus filmes serem substituídos por maquinas fotográficas digitais, ou a digitalização das músicas que faliu as gravadoras.

Nos últimos anos estamos assistindo várias estruturas, ora sólidas e imbatíveis, se derreterem diante da tecnologia. Empresas gigantescas, meios de comunicação, bancos, entidades, sindicatos e até governos, estão diante de um grande iceberg: Uma nova geração de empreendedores de garagem vem apresentando soluções inovadoras que transformam completamente a sociedade e o modo como vivemos.

A Netflix, por exemplo, dizimou a indústria dos DVD´s, BlueRay´s e Locadoras. Um modelo lento, pesado, caro e para poucos, deu lugar a outro jeito mais rápido, instantâneo, simples e acessível para muitos. Entretanto, nunca se produziu tantos filmes. As novas tecnologias permitiram o acesso ao mundo de um sem-número de cineastas e produtoras.

Podemos citar centenas de outras inovações que fazem evaporar empresas e mercados inteiros com um único aplicativo de celular.

O mundo está sendo passado a limpo - e cada vez mais rápido - emergindo uma nova sociedade baseada na colaboração e no compartilhar de bens e serviços.

Google, Facebook, Amazon, You Tube, Whatsapp, Airbnb, Uber, OLX, Waze, Zip Car, Nubank, Bitcoin e Tesla são apenas uma pontinha do que está por vir.

No Brasil, empresas como VISA e Globo já estão convidando startups (grupo de empreendedores em busca por um modelo de negócio inovador, repetível e escalável) para ajudar a resolver o grande problema: como adequar estruturas analógicas para este novo mundo digital, compartilhado e em escala mundial.

A nanotecnologia e os nano robôs vão redesenhar a indústria farmacêutica e a forma como fazemos medicina. Advogados, contadores, jornalistas, engenheiros e publicitários terão que se reinventar diante da Inteligência Artificial, Big Data e Learning Machines. Os Drones e outros veículos autômatos impactarão em toda a cadeia automotiva, transporte e logística. Com as impressoras 3D, teremos fábricas pessoais para ´imprimir´ nossas roupas, objetos, comida e até órgãos humanos. O bitcoin e outras moedas virtuais darão outro significado ao valor do dinheiro e à função de bancos e governos. A Realidade Virtual e Aumentada farão o varejo atual parecer-se com os tempos da "cardineta”. Sem falar das escolas e universidades que precisarão desconstruir seu modelo atual frente às novas necessidades de conhecimento e evolução tecnológica.

Não pretendo debater sobre certo ou errado, apenas os fatos indicam que estamos rapidamente em direção a uma economia de abundância. Um mundo diferente e muito melhor, onde o poder estará nas pessoas e seus talentos, e não nas estruturas pesadas, hierárquicas, onerosas e que entregam cada vez menos valor à sociedade.

O modelo mental sobre negócios baseado em prédios, hierarquia e controle está mudando para um modelo econômico-social baseado em serviços, colaboração e compartilhamento.

Espero que nossos líderes, empresários, governantes e formadores de opinião estejam sintonizados e preparados para reafinar seus instrumentos. Ou, sinto muito, veremos em breve escrito em suas lápides: “as bandas com guitarras em breve estarão saindo de moda".

Valmor Rabelo Filho - setembro 2017

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