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  • Foto do escritorValmor Rabelo

Cristóvão Colombo não tinha GPS


UM dos grandes inovadores do século XV foi um marinheiro italiano de Gênova. Naquele tempo o comercio de especiarias, seda, pedras preciosas e perfumes era muito lucrativo. Para se chegar às Índias a rota conhecida era cruzar o Golfo Pérsico e a Ásia Central onde o relevo era complicado, perigoso e com muitas passagens controladas por tribos e o próprio Império Otomano. Mas Cristóvão Colombo teve uma ideia inovadora: Chegar às Índias por uma nova rota marítima pelo Oeste.

A crença popular é que a Terra era plana e que no fim do horizonte havia uma grande cachoeira, monstros e o próprio inferno. Colombo era cartógrafo e desenhava mapas-múndi e segundo estudos de matemáticos e astrônomos havia evidencias de que a Terra poderia ser redonda. Porem, não se havia noticia de expedição alguma que tivesse viajado para o oeste e retornado vivo para algum porto. Entretanto, a oportunidade de chegar às Índias por um caminho novo que, segundo seus cálculos seria cinco vezes mais curto, foi mais forte. Talvez as manchetes diriam: “segundo o Ibope o resultado das pesquisas indicam ele está louco e as corretoras recomendam outros investimentos mais seguros”.

Como todo empreendedor ele foi à busca de investidores para financiar seu sonho. E durante quase 10 anos viajou reino após reino até conseguir a ajuda da Corte espanhola de Castela. O recurso obtido foi para fretar e armar 3 caravelas e quase uma centena de homens, um investimento que não representava nem 1% das riquezas da Coroa de Castela que continuava investindo em outras expedições e atividade de menor risco.

Em 1492 Cristóvão Colombo viajou rumo a Oeste e não chegou às Índias, mas à América, a maior descoberta de todos os tempos até então, cujas riquezas sustentariam a Europa pelos séculos seguintes.

Podemos aprender com Colombo algumas coisas sobre inovação:

1- Não há inovação sem risco: Você investiria em grandes companhias de navegação com experiências reconhecidas ou num marinheiro com uma simples ideia de que a Terra era redonda e que podia ser mais rápido via oeste?

2- O risco existe, porém deve ser calculado: Não se deve colocar todos os ovos no mesmo cesto, portanto investir em inovação não significa vender tudo e ficar no "tomara que dê certo". As estatísticas apontam que para cada dez novas ideias inovadoras três se transformam em um bom negocio. É preciso um prévio estudo no modelo de negócio antes de empreender.

3- Os caminhos existentes não levam a novas descobertas: Se Colombo tivesse comprado um mapa-múndi numa livraria da época ele jamais teria saído pelo Oceano Atlântico. A inovação exige novos formatos, novas formas de ver as coisas. É bem provável que se você está vendo uma oportunidade que ninguém consegue enxergar você será internado, mas pode ser um bom sinal. Se Henry Ford tivesse consultado as pessoas elas diriam que queriam mais cavalos para puxar as charretes mais rápido e não um automóvel. Portanto, seja um profundo conhecedor do assunto, acredite em você e no seu "feeling".

4- Para inovar não é preciso inventar: Colombo não inventou a caravela e nem a astronomia. Ele aproveitou-se da tecnologia conhecida (barco a vela e o astrolábio) para navegar em outra direção. Tem muita gente alienada aos gadgets, smartphones, app´s e se esquece do próprio cérebro. A inovação acontece quando se usa a inteligência (ciência) e criatividade (arte) para solucionar um problema. Se Cristóvão Colombo tivesse usado o Google talvez eu não estaria escrevendo este artigo agora.

5- Quem procura uma coisa pode achar outra melhor ainda: O nosso marinheiro empreendedor estava procurando as Índias e achou a América. Steve Jobs queria tocar seus CD´s no seu iPOD, mas revolucionou o mercado da música. Mark Zuckerberg queria apenas curtir as garotas de Harvard e acabou fazendo 1 bilhão de pessoas se encontrarem no Facebook. Ray Kroc não precisou ter um QI de Einstein para montar sua fábrica de sanduíches e as 40 mil lojas do McDonald´s espalhadas pelo mundo.

6- Quem está de fora é que vê as melhores oportunidades: O italiano de Gênova teve que buscar ajuda em outro país. A Xerox inventou o mouse, mas foi a Apple que se tornou gigante usando o ratinho. É provável que o investidor da sua ideia esteja em outra cidade ou seja de outro ramo.

Se você olhar pro lado para se inspirar verá apenas uma maioria abaixo da media, que estuda pouco, lê pouco, ensina o básico e faz apenas o suficiente. Portanto, para descobrir novas rotas busque inspiração olhando para frente e para dentro de si.

Afinal, no GPS encontramos apenas caminhos já conhecidos.

Valmor Rabelo Filho - Junho 2015

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